Mais uma que aprendi
No meu prédio havia um vizinho que tomava conta do condomínio e assim fez por anos consecutivos.
Claro que fica sempre uma pontinha de desconfiança pela simpatia que ele tinha pelas reparações no prédio e pela pintura geral que logo que veio as primeiras chuvas a tinta foi com a água. Num destes últimos anos porque o prédio que não foi devidamente isolado começou a ter frisuras e alguns vizinhos insistiram para que se fizessem obras de isolamento.
Como não há muitos anos que houve a pintura geral do prédio e tem-se anualmente gasto o valor apurado nas pequenas reparações de sua simpatia, não há ainda verba suficiente e entre a vergonha de ter de levar uma lavagem de cara em assembleia e a insistência por parte de vizinhos pelo isolamento, ele desistiu da administração.
Claro que, eu incluído, não houve quem aceitasse a administração numa forma de o pressionar a ficar porque não é só quando há dinheiro para as suas obras de simpatia, agora que há chatices há que resolvê-las.
O bom do homem terá sabido que um familiar de pessoa amiga tinha uma empresa de administração de condomínios e eis que se faz uma luz, está encontrada a solução para o seu problema.
O primeiro passo foi marcar uma assembleia para entregar a administração à sua empresa, para isso um advogado faria o trabalho sujo e o resultado seria uma limpeza, os papalvos nem se aperceberiam onde se estavam a meter.
O advogado impõe a eleição da administração e até sugere que isso seja entregue à empresa, mas um grupo opôs-se e exigiu que a administração tenha de ser do prédio e depois se votaria se com apoio ou não.
As votações eram sempre apresentadas de forma ardilosa e com o único propósito de vencerem os interesses pré estabelecidos. Como houve alguma contestação foi notória a pré domesticação d’um significativo número de condóminos de forma a votarem sempre de acordo com os desejos da mesa.
Não sabemos se o advogado é também sócio da empresa mas lá que pareceu isso foi por demais evidente. É que não vislumbramos que seja possível alguém sério sujeitar-se a esse papel e até como sabemos em algumas reuniões de condomínio estar sujeita a alguma agressão física, porque verbal era por demais evidente que aconteceu. A que preço alguém se sujeita a isso? Pois ninguém conseguiu saber, aliás diz a empresa que aquele até foi um trabalho gratuito.
Não vale a pena entrar em muitos detalhes até para não identificar a situação concreta, na altura foi pensado apresentar queixa na Ordem mas ninguém tem tempo para chatices, esse não é o nosso modo de vida.
Como tudo estava pré alinhavado resultou no cozinhado perfeito e ficou a empresa a administrar com reporte a um administrador do prédio a partir de 1 de Março.
Lógico que ficaram avisados que no novo ano havia nova batalha, daí só marcaram a assembleia para apresentação de contas no fim do mês de Março e ninguém deu contas dos meses de Janeiro e Fevereiro do ano vencido. Ou seja passou a contar um ano de serviço em lugar do ano civil porque sabiam com o que contavam.
Evidentemente na assembleia foi votada nova direção e votado a dispensa do apoio da empresa. E eis que a empresa como retaliação não entrega a ata da assembleia, a documentação, as chaves, etc. e assim impossibilitam a posse da nova administração e o acesso á conta bancária.
Marca-se uma data para entrega e dizem que está tudo em poder do advogado deles sem dizerem quem é.
Estamos agora na eminencia de ficar sem eletricidade, sem elevadores, sem água, sem limpeza, etc. É uma situação que é um aviso a todos os condóminos que contratem empresas de administração de condomínos e até um mau exemplo com prejuízos para os colegas do ramo.
Como ainda não há legislação que regule a atividade, ficamos ao dispor dos prazos e legalidade para marcar uma assembleia e depois do calendário do tribunal para uma solução para as calendas gregas.
Desde os primeiros momentos que a empresa deu mostras de que seriedade não era coisa que por ali abundasse, mas como o que vence são as maiorias e quando estas estão ludibriadas é tramado.