Como dizia o meu avô: “está-te o corpo a pedir chuva, vais falar de política?”
Como já tanta gente opinou de todas as cores e paladares, vai daí deu-me este remoque e vai de botar sentença.
Será que não será assim clarinho como a água? Penso eu.
O juiz ou o procurador lá do face oculta deu instruções para se procederem às gravações das escutas das conversas telefónicas onde intervinha o Sr. Primeiro Ministro e o que diz a lei, segundo li, é que não são permitidas escutas onde intervenham os Sr. Presidente da República, o Sr. Presidente da Assembleia da República ou o Sr. Primeiro Ministro, sem prévia autorização do Supremo Tribunal de Justiça.
Ora parece-me a mim, perante as opiniões que ouvi e me pareceram correctíssimas, o magistrado ao aperceber-se da intervenção do Sr. Primeiro Ministro, logo na primeira escuta, teria de pedir a devida autorização ao supremo tribunal da Justiça e aguardar pela decisão e em função disso agir.
Mas nada disso foi feito, reuniram três juízes etc. e decidiram ficar a aguardar por mais escutas a ver o que dava e, danadinhos, juntaram-nas todas e vai de enviar batata quente lá pra baixo.
Ora o que me parece, e dois e dois são quatro, os senhores juízes não cumpriram com o seu dever de cumprir a lei, logo como funcionários públicos que são, deveriam ser objecto de processo disciplinar e a devida condenação em função dos motivos que os levaram a fazer isso, como é comum a quem pratica uma falha na sua função.
Essa é que é lógica disto tudo, deixem-se de paninhos quentes, de desviar atenções, pintar da cor que cada qual mais gosta e embrulhar factos.
Porque é que ainda ninguém disse isto? Estou eu em situação de dever cuidar da minha saúde mental? Será grave e devo marcar consulta brevemente?
Por vezes sinto uma revolta e apetece-me escrever a uma série de instituições a exigir que estabeleçam normas para quase tudo.
Ou então dá-me outro sentimento, que é como diz um amigo meu não vale a pena, fica-te por Lisboa, já sabes o que a casa gasta, é o nosso ambiente.
Às vezes até penso que se não serei eu que estou a ficar velho e embirrento.
Tenho consciência que por vezes até sou eu o culpado, já devo estar precavido para as surpresas e quando se sai tem de se ter consciência da realidade, a velocidade é outra, o entendimento é outro as ambições são outras.
Tudo isto a propósito duma saída num fim-de-semana destes e intenção de almoçar num pequeno restaurante regional e tradicional.
Em primeiro lugar, surge uma coisa que é surpreendente, o barulho é ensurdecedor, ninguém fala alto, toda a gente grita, e ainda por cima o tempo que se leva de espera acompanhado de umas azeitonas e uma garrafa de vinho é pra esquecer.
Depois, em cada mesa há sempre uma criança que salta da cadeira, corre entre as mesas, tropeça em tudo o que aparece pela frente e as mães sentadas na cadeira não param de gritar para que a criança pare, para que se sente, para que sossegue, até que esteja quieto, e é ver a indiferença com que acatam as indicações que parecem vindas de um estranho.
Também é compreensível com um ambiente fechado, enfadonho e difícil ficar-se estático na cadeira sem estar doente.
Depois vem a técnica dos empregados de mesa, uma chico-espertice tipo feira popular de há muitos anos, ou é impingir o “couvert” ou facturar o pão que ninguém comeu, o queijo que ninguém comeu, o presunto que ninguém comeu e ainda a técnica das doses, uma dose dá para duas pessoas pede-se ½ dose, vem facturada uma dose e depois a dúvida com que nos fitam, como se estivéssemos a tentar ludibriá-los, e ainda por cima a prova já foi pra dentro.
Depois é um impingir sobremesas aos miúdos com a respectiva birra se não for cumprida a sugestão do empregado.
Ah, e se há digestivos, aí sim prepare-se para uma surpresa, em regra desagradável.
O giro disto tudo é que se chamar à atenção, o empregado responde que a culpa não é dele, que não foi com ele, a mesa não é dele, com um ar como se estivesse perante a justificação a um polícia.
Ora quando só se chama a atenção quando foram passadas todas as marcas do admissível, esperava-se nem que fosse um enganoso “está a sair” que sempre nos conforta. Mas não, parece que há um medo, não vá o tipo escrever no livro de reclamações e então que não figure lá o meu nome.
Dizem que o futuro na saída pró sucesso deste país é o turismo. Então as autoridades se calhar têm é mesmo que, como a minha revolta por vez sugere, estabelecer normas de conduta e um mínimo de profissionalismo na indústria. É que é muito desagradável um cliente pedir uma açorda de marisco e vir uma panela com uma água com pão, uns coentros e umas gambas a nadar no cimo e quando se chama a atenção dizem-nos que o que pretendemos é migas.
E até me parece que não têm de ser normas impostas, mas sim normas que ensinem, clarifiquem e vindas de dentro da classe dos profissionais.
Temos um administrador que, voluntariamente, se predispõe a ajudar os eleitos anualmente, e até para facilitar, porque ele já está registado no banco e pode movimentar as contas, fica como administrador.
Como ainda por cima ele trabalha na Câmara da zona, e pode sempre conseguir algumas facilidades pró condomínio (o que é até o contrário) aceita-se.
Como todos os condomínios, tem aquela coisa medonha, que acho que o Ministério de obras públicas devia ter uma palavra ou a DECO, ou seja: a despesa com a manutenção dos elevadores e que ele resolveu bem, afastando a empresa que estava e que ameaçava com a exclusividade de peças, e entregando a manutenção a uma nova empresa que passou as despesas para um décimo.
Portanto passou a ser mais atraente a administração.
E é aí que entra o tal problemazinho nacional.
Todos os anos há obras, o telhado, a pintura do prédio (que nas primeiras águas lavou a tinta e ficou com antes), a vedação e iluminação de partes inseguras do prédio, rampa para a entrada, nova entrada, novas caixas de correio, luz de escada com as novas lâmpadas economizadoras e accionadas por células, nova empresa de limpezas e mais completa, etc.
Em cada iniciativa há sempre uma leve nuvem a pairar no ar.
E o nosso problema é que não temos nem o PSD para pedir uma comissão de inquérito nem um Francisco Louçã para verberar sobre a pouca clarividência destes negócios.