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nabodogato

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Dar a mão à palmatória

 

Reconheço que o meu post anterior foi um demasiado negativo.
É necessário ser mais positivo e eu quero passar a mensagem de que vale a pena ser positivo.
Contudo não deixo de reconhecer que por vezes a angústia me limita e sai tudo de jorro, como costuma dizer-se tenho o coração perto da boca.
Gostaria que todos mantivessem confiança no trabalho que os médicos fazem, apesar muito exigente e nem sempre tudo correr pelo melhor, desejo que acreditem como eu, que o  que predomina em cada profissional é o mesmo sentimento que predomina em qualquer jogador, o objectivo é sempre a victória e só ela interessa.
É que para eles salvar uma vida é sempre uma victória.
Tiro o chapeu.

Dia da mãe

Infelizmente para mim cada vez mais este dia deixará de fazer sentido.

Pela primeira vez este é para mim um dia de mãe sem mãe.

A minha mãe já lá está na terra da verdade, como ela dizia.

Infelizmente mais cedo que pensávamos, mas por culpa duns gajos a quem apenas chamarei de funcionários públicos antecipou a partida.

Olhando para trás relembro quantas vezes fui vê-la ao hospital sempre na esperança de dias melhores, e com a confiança de que com o avanço da medicina, a coisa era uma questão de tempo.

Depois vinham as notícias de que ia ser feito isto ou aquilo e pronto era caso arrumado, mais convencido ficava.

Mais tarde diziam, não agora vamos  é fazer aquilo e é decisivo e eu confiante.

Acontece que o ambiente me era estranho, não gostava, a pulga atrás da orelha não me largava.

É que das vezes que fui para entrar ao chegar à porta  era avisado que carros no interior só para pessoal medico, e que ai de mim se estava a mentir e não tinha necessidade de ir buscar doente nenhum.

Depois ficava abismado ao ver o parque automóvel é que aquilo mais parecia o largo das festas da minha aldeia em Agosto, tal não era a qualidade das máquinas expostas, é que só faltava a fitinha de tule nas antenas.

Uma vez que era só para médicos, um pouco de modéstia não ficava nada mal.

E a altivez com que uns tipos saíam dos carros e atravessavam pelo meio do comum dos mortais, com o ar de: “eu é que sou o Presidente da Junta” e o rasto a “Paço Rabane” à  mistura com éter que deixavam.

Cá prós meus botões chamava-lhes de:  bimbos,  saloios,  vaidosos, etc.

Acontece que foi às mãos duns tipos desses que a minha mãe foi parar,  e o diagnóstico foi: pneumotoraxicosobretudodemadeira, que é o que esses boletineiros sabem rabiscar, além de por a soro e ligar a oxigénio.

Ainda foi perguntado um dia:  então se é assim,  porque não fazem assado? e a resposta foi: sabe, são os custos da interioridade.

Como alguns amigos sugeriram, a solução era trazê-la para Lisboa e dizer que tinha vindo passar cá uns dias e se tinha sentido mal, mas avisaram-me que não valia de nada porque estabilizavam-na e remetiam-na à origem e era bem pior para ela, além de não ter grandes efeitos.

A verdade é que em toda a sua penosa luta  apenas conheceu três médicos, infelizmente tarde de mais.

Três médicos e não só, três senhores, gente de bem, pessoas bem formadas, jamais me cansarei de afirmá-lo e a quem  estou eternamente grato.

É claro que há muita gente boa e competente, mas basta uma ovelha negra para estragar a honra do convento, e azar dos azares foi logo esses que se atravessaram no meu caminho.

Ainda pensei em apresentar uma denúncia, mas aparte de a família  ser contra, também já se adivinhava a conclusão: foram feitas todas as diligências devidas no sentido serem prestados todos os cuidados correspondentes ao diagnóstico do doente, não se tendo verificado qualquer negligência em qualquer acto médico, bla, bla, bla,… a culpa foi do doente ter adoecido,  ou então, o erro foi do computador.

E assim meus amigos, dia da mãe pra mim já era.

 

                             

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